31 de julho de 2012

Pergunta do Leitor



Pergunta: Qual é o fundamento em Deus para dar a Israel leis como: proibição para se comer moluscos (Lv 11:10), aparar a barba, inclusive o cabelo das têmporas (Lv 19:27), tocar a pele de um porco morto (Lv 11:6-8), plantar dois tipos de vegetais sob o mesmo solo era violação (Lv 19:19), bem como usar usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido? (leitor Júnior)


Reposta: Antes de mais nada, tenhamos em mente a natureza santa de Deus (cf. Ap 4.8). A palavra "santo", no grego, é kadesh/kadosh, e pode ser traduzida como separado, cortado pela raíz. Tenhamos também em mente que o povo de Israel ficara 400 anos na terra do Egito, antes de Deus, através de Moisés, libertá-los. Nestes 400 anos de escravidão, os hebreus certamente assumiram profundamente alguns aspectos da cultura egípcia e, principalmente, um pouco da sua religião politeísta (cf. Êx 32.4).

Ao chamar o povo de Israel para fora do Egito, era da vontade de Deus que o povo se purificasse de todo o paganismo adquirido e não se contaminasse com as religiões que encontrariam no caminho e na terra prometida de Canaã, para que se identificassem e refletissem o caráter do seu Libertador (cf. Lv 19:2).

Deus portanto, através da boca de Moisés entrega as leis ao povo no deserto: leis cerimoniais e leis morais. Russel Shedd, teólogo, afirma sobre as restrições que Deus impõe quanto aos animais:
"As restrições que se impuseram na dieta dos membros da teocracia hebraica, tinham razão determinada, ou pela higiene, ou pela religião cumprida em Cristo. [...] Examinando bem a lista dos animais imundos, percebe-se que em cada caso, uma ou mais das seguintes três considerações entra em pauta:
1) Havia carne de animais ou pássaros imundos que se podia considerar doentia e imprópria, por razões sanitária, pelo fato de se alimentarem de cadáveres em decomposição;
2) Havia animais que eram intimamente ligados com os depravados cultos pagãos, como por exemplo o porco, que era oferecido aos deuses do mundo inferior;
3) Havia no comportamento de alguns destes animais, algo desagradável, com associações nefandas, como é o caso de todos os 'animais que rastejam' (que é a expressão hebraica que nossa versão interpreta por 'répteis') que se assemelham à serpente nos seus movimentos, e no caso do morcegos, cuja moradia são as cavernas escuras e úmidas, e ainda odeiam a luz."
Sobre algumas práticas físicas, como proibição em aparar a barba e o cabelo das têmporas, comenta:
"Os pagãos cortavam os cabelos da cabeça ou da barba de certas maneiras, para honrar seus ídolos ou para ritos fúnebres pagãos (Dt 14.1). Cortar o corpo era praticado para mostrar arrependimento extremo ou desespero. [...] Essas proibições eram para guardar o povo de Israel de seguir as práticas supersticiosas e idólatras dos pagãos que viviam ao seu redor."
Algumas leis possuíam caráter de tipificação, ou seja, simbolizavam alguma realidade espiritual ou exortavam o povo de Israel. As leis que se encontram em Lv 19.19 se repetem em Dt 22.9-11 e possuem essa essência. Basicamente essas leis ensinam mais uma vez ao povo Hebreu que não deveriam se misturar com os povos pagãos (simbolizando as duas sementes no mesmo terreno, por exemplo). De fato, Paulo decorre sobre isso no Novo Testamento também:
"Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente? Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: "Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo". Portanto, "saiam do meio deles e separem-se", diz o Senhor. "Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei e lhes serei Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas", diz o Senhor Todo-poderoso." 
(II Co 6:14-18)

Leandro Duarte

Um comentário:

  1. Me perdoem a demora, deveria ter dado "sinal de vida" a muito antes, mas muito bem respondida a pergunta, na verdade, essa estava sendo minha pedra no sapato até a alguns dias, a lei cerimonial do AT, infelizmente produz certa imagem de legalismo e exagero da parte de Deus, mas é, como explicado, apenas aparente, quando na verdade ilustra muita coisa que hj é realidade pela Graça do Senhor! Meu Mt obg ao Leandro! Deus continue abençoando o blog!

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